Perturbado. Calado. Debruçado sobre as palavras, próximo a Rondon.
Está a existência esquecida e invisível. A Dor negra.
Tudo vai embora, menos a dor que mora no coração vermelho do corpo negro.
Se houvesse amor e dignidade. Se houvesse pai, mãe.
Perturbado, aos vinte três, o corpo negro caminha com a dor.
Sem ser ninguém, mas sendo as palavras. É quase um Deus.
É um Deus! Mas perdido. Não conduzido.
Há vida! Há tristeza! Há um mar de palavras caladas.
Queria, o corpo negro, que as palavras da bandeira nacional fosse real para si.
Mas sua vida é cercada de incerteza. Sem apoio. Se houvesse pai, mãe.
Nós braços de Janaína o corpo negro fuma seu pensamento.
O corpo negro, perturbado, chega em casa e tem que suportar a existência de Um Deus tirano. Cristão.
O corpo negro, próximo ao paraíso de sua existência que é próximo ao cemitério,
Toma um copo de guaraná Paulistinha para refrescar. Ele fumava. Não houvesse pai, mãe.
Perturbado. Dançava. Brilhava. Fuma novamente.
O corpo negro tomava café na casa da tia Sueli, no paraíso, feliz.
Havia paz no seio da Vila Bandeirantes.
Contraditório.
Mas era o paraíso.
Era o lar desse Deus corpo negro, vivo nas palavras. Eterno, nas palavras.