Não sabia haver um tempo em que me entenderia
Aquela nebulosidade parecia ser a minha sina
Toda a confusão e falta de trato
Parecia que tudo era a minha falta de tato
O passado que me destruía
Era o presente em sua ruína
A falta
A pauta
Toda a discussão era sobre a minha inapropriação
O exagero da inadequação
E sempre aquele desassossego
Sempre aquilo que não devo
Entre dever e pagar
Fiquei sempre a deixar as coisas no ar
A vontade não era de virar ou desvirar
Não era o desejo de em algum lugar chegar
Era sobre ser
Simplesmente o direito de viver
Mas isso nunca pôde ser assunto
Isso era coisa só de primeiro mundo
Aqui me disseram já saber
Deram-me a impossibilidade de ser
E demorei a entender
Ou pelo menos reconhecer
Que a impossibilidade não estava em pauta
Pois o que precedia era a existência da minha alma