A minha história é carregada
A minha história sangra
A minha história é triste
A minha história não é bonita
A minha história é pesada
Por isso não sou a imigrante que vocês querem ouvir...
Mas estamos aqui
Vivos e resistimos ainda
Trilhamos caminhos
Nos deslocamos por oportunidades
Sobrevivemos
Sentimos
Amamos
Sonhamos assim como vocês
Estamos presentes
Indígena aymara e imigrante presente!!!
*
Sinto um frio no peito
Sentia este lugar tão cálido
Vou te conhecendo
Você vai me conhecendo
Mostramos outras partes que escondíamos
A intimidade vai crescendo
Mas as vezes machuca...
Fico azul por um momento
O medo e o choro se aproximam
Você diz que esqueça, mas já está marcado
Me esforço para cicatrizar
Lembro-me como estava plena e serena
Ainda não confiamos por completo um no outro
Você não entende a minha indignidade
Você acha que eu exagero como a maioria...
Mas sinto tão no fundo e digo o que sinto
Sinto sem filtros e você não entende
Me doí pouco a pouco
Volto a tentar cicatrizar-me
A curar novas feridas
Respiro fundo e continuo
Olho para o futuro
Com a esperança que seja algo hermoso
Que seja tierno e sereno...