(após uma fala de Ailton Krenak)
Que o silêncio do rezo vem do barulho da mata
o piado do bacurau confirma
O quipã quando se pisa esse chão é flecha
é o arco que entrelaça o passado
O cavalo invisível ainda cavalga nessa água
por hora tudo aqui é lama
O planejado era progresso/estrada/urbe
o existir custou foi sangue
Aquele palácio se ergueu sob cemitério
asa norte sul e todo resto
A chuva lava esse chão de asfalto
aquilo é sumo escorrendo
E o sol remoto definha as agruras
com permisso, cuida a ferida de tantas dores
é ardoroso mas fraterno.
“...Sempre foi assim, agora está pior, está verbalizado: é para acabar com a gente. Mas antes também fizeram isso, quando construiram Belo Monte, quando contruiram Brasília espantando o povo Karajá, os Xavantes, A nossa história colonial é uma história de genocídio do povo indígena, gente! Trecho de Vozes da Floresta, Ailton Krenak, abril 2020, Le Monde Diplomatique