Os ventos rugem violentos timbres
Em janelas vítreas – como olhos de garça
Urubus em V esvoaçam presságios
Feito os donos do céu cobrando pedágios
E a cidade azula – acossada de frio
Sob a febre diurna de um sol-cariri
Sufocado na névoa de Junho nas praças
Correndo crianças na chuva sem asas
Ouvindo de um prédio varanda vazia
Em plena madruga o som dos riachos
Correndo na face sarjeta da lua
Oculta nas nuvens por detrás da rua
Por isso me deito na manhã chuvosa
De bruços e ouço o canto da terra
Clamando nos ventos que sobem no muro
Diante dos olhos de um verbo futuro.
Monteiro-PB / Manhã de 06 de Junho de 2022
Cristais quebrados na
Superfície azulodosa
Da água: fluindo espumas
Nos lajedos
Sobre a tarde quente
Ventania em dedos
Soprando as saias das
Juremas verdes.