ruas sem placas
veículos sem mão
no meio da estrada
pedestres caminham
percorre o som do cavalo
puxando carroça
o chapéu sombreia
o rosto do velhinho carroceiro
nas linhas centrais da via
dois cachorros dormem
carros, caminhões e bicicletas
desviam a soneca
a calmaria da cidade me atropela
a boca surpresa do ciclista
atravessa palavras
duas carretas vindas
de cada direção se cruzam
os cães são obrigados a se levantar
instantes depois da passagem
voltam a ocupar a cama asfáltica
de qualquer jeito tudo passa até a calma
*
o silêncio do interior
faz ouvir passarinhos
no sol que arde
colorindo seu findoso alarde
de laranja dourado
o coral passeriforme
o silêncio do interior
faz ouvir os cães dos vizinhos
na lua que flutua
coroando seu palco uivoso
de azul cavernoso
o coral ferino