Ando meio farto de tanto barulho.
Passo no mundo e fico confuso.
Os pássaros cantam, no entanto em meio a vida ninguém ver muito.
Ouço sim o silêncio das palavras que ecoam.
O silêncio solene dos que enterrem seus sonhos.
O silêncio do Estado que omite tanto entretantos.
O silêncio dos direitos humanos quando um de bem morre lutando...
Ando meio chato para tudo.
Atravesso fechado o poço profundo.
As árvores dançam, enquanto, em meio a vida muitos não enxergam quando.
Ouço o silêncio dos que padecem com fome.
O silêncio do pai de família que com tiro desfalece na rua.
O silêncio da menina gritando a dor da violação diária e absurda.
O silêncio dos que choram nos bancos, nas praças, nos campos.
Ando meio fraco para escalar muros.
Caminho na incerteza do vento hesitante.
O Sol dorme à noite, mas, em meio a vida nada encanta quando já é bastante.
Ainda ouço o silêncio dos homens lá fora gritando.
O silêncio das almas consumidas.
O silêncio das canções que nos devora.
O silêncio das multidões que clamam a Aurora.
E, assim, talvez, no instante, eu nunca mais paro por tanto quanto...
De escutar sofregamente os silêncios que teimam em chamas.