Sinceramente, eu não sei por quê
O Rio Tietê fez questão de correr
Em direção ao interior e não pro litoral
Contrariando a geografia natural
Nasceu na Serra do Mar
Mas foi em direção oposta
Imposta pelo relevo acidentado
Poderia ter descido à praia
Ou já ter nascido no interior buscando se preservar
Mas não fugiu da raia do seu destino sofredor
Na cidade, se transformou
Virou marginal, poluído
Distante da natureza que o formou
Água verdadeira do manancial
Estrada de índio e bandeirante
No passado colonial distante
Agora, morto em trechos urbanos
Relembra antepassados insanos
Sofre perversidade desumana
Fruto de política leviana
Mas apesar da adversidade, vem resistindo errante
Em busca de sustentabilidade
E segue, rio abaixo, perseverante