O sabiá cantou
Sem teto
Tristemente embalou meus ouvidos
Choramingo
Colhi o que restava ainda na calçada
Sem lar
Sem compaixão
Sangue vertia
Manchou minhas mãos
Alma corrompida
Os meus causaram dores inimagináveis
Ceifei a sua vida pelo descaso
Naquela estrada
Outros corpos repousavam
Tristes sabiás
Vozes sufocadas pela dor
Minha dor sufocada pelo desassossego
Com o moribundo corpo as mãos, encontrei sua última morada
Alimenta os vermes
Silencio pairou durante o cortejo fúnebre
E então notei
Tardiamente
Que eu também estava sangrando
E sucumbindo
A minha própria ignorância
Do pó fomos criados
Ao pó retornaremos
Regados com o sangue de Judas