Vem de longe, do outro lado do mundo
Marejado de espumas, empurrando ondas
Traz consigo lixo e garrafas
Que vão e voltam, vão e voltam
Como um elo, como um manto, se engrandece
Como graciosa fita que viaja solta
Deslizando dentro das florestas
Anuncia-se com assobios
Quer brincar entre as folhas das árvores,
quase todas levadas ao chão
Se mistura e contorce
Entre fumaças e odores
Do calor das queimadas
Ao degelo de glaciares
Leva rastros do desterro
Outrora só leveza, agora é força e ira
É a furia e a revolta
nos ciclones, nas ventanias, furacões
É testemunha que se comunica
Quando entenderão os sinais?