Alex Sandro Silva de Oliveira

Prato raso

Põe-se à mesa e deixe saciar,
Sacia tua fome e come o que puder pegar.
Pega o que há de mais gorduroso,
O meu dinheiro se quiser,
Pois mesmo que eu diga não tu vais me devorar.
Faz-se de anfitrião e me convida pro jantar,
Conta-me promessas velhas e muito blá blá!
Depois de quatro anos,
No final do turno quem vai me alimentar?
Toma-me como prato raso que pouco tem pra dar,
Leva-me até o espinhaço, e aí de mim se reclamar.
Sou a carne mais barato que consegue achar
E não me larga até roer o osso — já chega, né rapá!
A carne que te alimenta também quer ser alimentar.
Servir-se da servidão te torna tão “sinhó” quanto os da escravidão,
E nem mesmo só de pão se vive o homem,
Mas a que custo se nega o pão a quem tem fome?
Uma louça manchada, rachada, quebrada, por assim dizer,
É de se imaginar que não se pode estar vazia,
Seja de barro, de vidro, ou latão — que seja!
Põe-se à mesa o que é de casa,
A quem é de casa,
A própria casa,
Em casa
Alimenta-se.
PÕE-SE À MESA O QUE É DA NAÇÃO!