Alvaro Tallarico

Gênesis

Um dia aprendi
Depois de anos na ignorância
Sobre uma cruel matança
Que afetava meu corpo
Envenenava minha mente
Poluía a alma

Eram seres viventes
E assim queriam seguir
Li o Gênesis de um livro sagrado
Um Deus ali dizia
Que deu todas as ervas que produzem semente
Sim, por todo o planeta espalhou
Frutos e plantas variadas, num ciclo sem fim
Ofereceu isso a todos os animais da terra,
E também a todas as aves do céu
Assim, sempre teríamos mantimento

No reino celeste
Todos somos um
Na rede de Indra
Só amor ainda

Brado então pelo término
Do especismo
Sou específico

Caiam maçãs sob a força da gravidade
Cresçam humanos sem maldade
Como árvores puras
Sejam elas nosso alimento
Sem tormento
Sem tormentas
Um furacão de alegria
A doce ambrosia

O manjar dos deuses é esse
A paixão pelos sencientes
A mão na terra
A Mãe Terra

Se comer é política
Sem dúvidas
Escolho a da vida.



Alvaro Tallarico é jornalista e escritor. Nascido e criado no Rio de Janeiro, começou a descobrir o sabor da escrita no seu ensino médio técnico em Publicidade e Propaganda na Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch. Escreve no portal de jornalismo cultural Vivente Andante e é colunista no Diário do Rio. Ganhou Menção Literária no 2º Prêmio Literário AFEIGRAF. Tem publicações na Antologia Nacional de Poesia da Academia de Letras de Montes Claros – MG, na Antologia Alma Artificial da Cartola Editora, entre outros. É letrista do Kaialas, projeto que une Brasil e Cabo Verde, cujo primeiro single se chama "Preto de Azul'. Em 2021, lançou o livro “Cem Ruínas na Esquina da Poesia”.


BREVE ENTREVISTA COM O AUTOR