Catar.
Pegar.
Pedir.
É o que se faz,
Quando se tem fome.
Ter um pão.
Um café fresquinho.
Um arroz com feijão.
Buscar se alimentar com o que na mão.
A pobreza.
A desigualdade.
A escassez.
A miséria.
Se tem fome e não se sabe o que fazer com ela.
O que se quer,
Quando se tem fome,
É saciar essa falta do alimento,
Que deixa esse vazio por dentro.
Famílias lutam por uma refeição.
Enfrentam filas para receber uma doação.
Pessoas acordam sem saber se vão ter o que comer.
A fila só cresce e as pessoas conseguem pedaços de ossos e agradecem.
O arroz e o feijão estão bem mais caros.
Famílias recorrem a qualquer alternativa.
Para ter em sua casa pelo menos um prato de comida.
Mesmo com vergonha comparecem na fila três vezes por semana.
Com a pandemia essa cena tem se tornado constante.
Acontece em várias partes do país.
O retrato da fome no Brasil é traduzido na fila do osso.
E não adianta manifestar, porque o governo nada faz para ajudar.
A notícia da fila do osso, pegou no brasileiro como um soco.
Pessoas enfrentando sol e chuva,
Se aglomerando em frente ao açougue, supermercado,
Para garantir um alimento num ato desesperador.