Valeska Magalhaes

Luta

a quem tem fome
não peça que tenha calma
na hierarquia das necessidades humanas
Maslow ilustra, intencionalmente ou não, um trauma
uma luta brutal onde só passa para a próxima fase
quem supera com destreza os desafios que encontra na base

ainda que no alicerce piramidal estejam o primário, o fisiológico,
aquilo que deveria ser um direito de todos e não o é,
não são poucos os que lutam desprovidos do essencial,
mas só quem supera todos os estágios nesse duelo chega ao topo
para encontrar a estima, o reconhecimento, a autorrealização,
e no processo consegue ter segurança e experimenta o prazer de pertencer,
conceitos abstratos e inatingíveis para quem sofre de inanição

porém, esse é um direito garantido ao lutador privilegiado
e há quem julgue o coitado, o indivíduo sem sobrenome,
com sede de sustento e esperança, como um adversário igual,
sem garra e motivação para alcançar o patamar mais elevado,
sem nunca ter entendido a regra que diz que quem tem fome tem pressa
pois nunca precisou sentir na pele o peso que se impõe com a verdade essa
que estabelece que primeiro o alimento precisa saciar a fome do corpo
para que brote o desejo de lutar para alimentar os anseios da alma.