Poeta Homenageada

Rozana Gastaldi Cominal

Rozana Gastaldi Cominal, de Hortolândia-SP. Poeta e professora, Formada em Letras faz revisão de textos. Participação em podcasts: “Quarentena Poética” e “Toma Aí Um Poema”. Acredita na força dos coletivos e com eles faz voz: Mulherio das Letras, Mulheres Maravilhosas, Nua Palavra, Toma Aí Um Poema, Publicação de poemas em redes sociais, revistas literárias digitais, e-books e livros impressos, entre eles: Veias de Anil: (2016), Porque Somos Mulheres, Quarentena Poética (2020); Maravilhosas I, II e III, Enluaradas I, Mulherio das Letras na Lua Poesia 1, As 4 Estações, Permita-se Florescer, Sinergia, Mulherio das Letras para elas, Um dólar por dose, A poesia não é inofensiva, Chorando pela Natureza, #Diversos, Infâncias e Cotidiano, Poesia e Resistência (2021).


FILTRO DE EFEITOS I

liberação de sentidos
de suor
quantos segredos?
boca fechada!

remissão de pensamentos
de protestos
quais os pecados?
língua afiada!

melopeia de conselhos
de carências
para que cuidados?
plateia desvairada!


FILTRO DE EFEITOS II

Ato feito
não dá para ser perfeito
com defeito humano
já vem ser
: traço falho

ser falho
não dá para ser
humano
já vem traço feito
perfeito ato
: com defeito

traço perfeito
não dá para ser feito
ato falho
já vem com defeito
: ser humanos


ME LEVE PARA A LUA

Na varanda
a chuva desanda
a mulher nua anda
sai dos limites de seu quintal
nem imagina o tamanho do vendaval
sai do prumo dirão alguns
apenas vagueia
rumo à insensatez das águas
deixa-se levar pela correnteza
benévola a mudança talvez.

Na varanda
a chuva o corpo banha.
No voo cego
a alma incendeia,
pois a mulher ciranda e canta:
“Fly me to the moon…”
vaga está a placa de neon
vago está seu coração.

Na varanda
para a chuva, vem a solidão.
No céu, indefinida hora,
com sua cúmplice a lua cheia,
a mulher sua vitória comemora!


RENASCER

Quero acreditar que amanhã será um novo dia
mesmo sob o olhar vago do outono temporão.
Que venha a mansidão tomar conta
do verde sem cor após o verão abrasador!
Quero acreditar que amanhã será um novo dia
por mais que as tempestades de inverno
esgarcem a minha silhueta frágil
de mulher-árvore.
Sinto a densa seiva a me alimentar
e as verdes-folhas-selvagens-homem
a brotar!
Quero acreditar que amanhã será um novo dia
mesmo me sentindo tão só,
mesmo sabendo o quanto a incompletude
me domina, mesmo que
as verdes-folhas-selvagens-homem
me deixem temporariamente nua,
pois, sob o concreto da selva de pedra,
as fortes raízes da mulher-mansa-árvore
anunciam
que a primavera é tão certa
quanto o vento que sopra!


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