Ana Rodrigues
Ana Rodrigues
E pensar que toda revolução cabia dentro de mim.
Anos amornados na forma,
Décadas sem obedecer a um rumo certo,
Eu seguia assim,
Acreditando no mínimo, sorvendo o pouco,
Que deveria me sustentar de paz.
A alexitimia me enganava:
Não havia paz, não havia sossego;
Só existia dor e solidão.
Quantas falsas verdades podem cristalizar uma mentira? Nenhuma!
Ela se desfaz -tal como poeira de vampiro-
Quando surge o mínimo feixe de luz... do autoconhecimento.
E a forma amoldada
Nas palavras amordaçadas,
Num mutismo defensor,
Revolteou-se neurodivergente,
Que, como espectro parece confuso,
análogo às imagens do caleidoscópio,
Mas que são, como devem ser,
Um padrão cromático que só agrada a quem tem olhos para ver.