Arcilio Junior

No torpor da crise


E os sons se esgueiram por entre todas as frestas

de minha cabeça doída, latejante, cansada.


Na mesa ao lado o casal canta,

noutra mesa, outro briga,

ao fundo uma banda,

tudo a bagunçar meus sentidos.


É assim um dia normal,

em meio às pessoas,

onde só almejo o silêncio que não chega.


E paralisa tudo:

os sons confundem minha cabeça

a fundir-se no caos do barulho em volta.

O corpo pára, os movimentos cessam, minha voz não sai.


e no torpor da crise,

vão passando os minutos

num consciente transe

do estressar de estímulos.