Jacqueline Lima Coelho Sampaio

Rotina escrita em planner


Sábados ensolarados

Comer, beber, defecar e dormir

Domingos de céu azul e meio convites

Comer, beber, defecar e dormir

Os e-mails ainda por responder

Tarefas esquecidas que vão sendo feitas com passos lentos como os de um velho moribundo

Não tomei o café e talvez eu seja esse moribundo

Problemas futuros tão presentes

Palpitação de um coração estranhamente acelerado

Entre diagnósticos, medicações e despedidas

Sou mais um corpo entre tantos corpos

Caos que é meu eterno companheiro

Com o pensamento acelerado o dia inteiro

Cubro também com álcool e arte

A incompreensão dos presentes

O julgamento dos desconhecidos

Juízes do “anormal”

Sendo que sou normal

Sou o seu pai, a sua mãe e irmão

Sou a tia que quase não comparece as festividades familiares

O amigo que você acredita te ignorar

O professor esquecido da tarefa

E a colega de trabalho que não socializa 

Há um impulso para o desconhecido que te move como move a mim

Então percebe, somos diferentemente iguais

Saímos de um ventre

Com a carne comida por vermes no futuro