Cléssio Moura de Souza

Torrentialis 


Um quando de onde

De vértices, ventos, velocidade

O tempo de agora é aquele de fevereiro

O eiro sem beiras 

torrentialis de um canto ao outro


O que confunde revela e adentra

É forma. O verde não se sustenta. Vira palha. 

Disforme dentro

Espaço sem chão

Suspende, suspenso. Suplico, suplício.


Desverdes em altos e baixos

A palha de cor seca roça e corta 

Grisalhos sem tempo. Todo o tempo. 

Na testa, nos olhos, nos dedos de unhas rachadas.

Achada, tachada. Desce na espada. Decepada. 


De fora para dentro. Atente. Atento.

Tormento de madrugada leve

Do sonho escuro

O tremor do lado, lateja

E da janela as linhas. De baixo para cima.

Em direção ao contra

Vento torto que desfaz a linha

Encolho, recolho, enxugo. 


O tempo-vão é 11. De todos. Os fevereiros. 

Fevereiros que são setembros, dezembros, agostos

Avessos de peles. De pelos. De zelo.  

Eixo de madeira que roda e chia

Que arrasta a cria, recria, esvazia. 


Do outro lado sol

Verão

Branco

Algo   

dão. 



O LIVRO

Uma Guerrilha Literária Espontânea na Sala de Estar? Não. Muito mais do que isso. Com um arsenal literário implacável e uma mira criativa, o coletivo GLENSE brinda-nos, mais uma vez, com uma segunda Antologia Acertando em cheio. Esbanjando um talento que ao mesmo tempo invoca leveza e profundidade, o resultado é simplesmente este: prazer literário para todos os lados.

Num jogo lúdico de reconstrução de sentidos, sujeito, tempo e espaço mesclam-se num cotidiano aparentemente banal, e dele vão se desdobrando inúmeras perspectivas de (auto)percepção, além de facetas existencias provocativas. Rupturas e encontros, realidade e imaginário, espelhamentos e projeções, a vida em si, tornam-se aqui muito mais que dicotomias, senão uma dialética na trajetória do "estar sendo". 


Drª. Jamile do Carmo
Friedrich-Alexander Universität Erlangen-Nürnberg