Um quando de onde
De vértices, ventos, velocidade
O tempo de agora é aquele de fevereiro
O eiro sem beiras
torrentialis de um canto ao outro
O que confunde revela e adentra
É forma. O verde não se sustenta. Vira palha.
Disforme dentro
Espaço sem chão
Suspende, suspenso. Suplico, suplício.
Desverdes em altos e baixos
A palha de cor seca roça e corta
Grisalhos sem tempo. Todo o tempo.
Na testa, nos olhos, nos dedos de unhas rachadas.
Achada, tachada. Desce na espada. Decepada.
De fora para dentro. Atente. Atento.
Tormento de madrugada leve
Do sonho escuro
O tremor do lado, lateja
E da janela as linhas. De baixo para cima.
Em direção ao contra
Vento torto que desfaz a linha
Encolho, recolho, enxugo.
O tempo-vão é 11. De todos. Os fevereiros.
Fevereiros que são setembros, dezembros, agostos
Avessos de peles. De pelos. De zelo.
Eixo de madeira que roda e chia
Que arrasta a cria, recria, esvazia.
Do outro lado sol
Verão
Branco
Algo
dão.
Uma Guerrilha Literária Espontânea na Sala de Estar? Não. Muito mais do que isso. Com um arsenal literário implacável e uma mira criativa, o coletivo GLENSE brinda-nos, mais uma vez, com uma segunda Antologia Acertando em cheio. Esbanjando um talento que ao mesmo tempo invoca leveza e profundidade, o resultado é simplesmente este: prazer literário para todos os lados.
Num jogo lúdico de reconstrução de sentidos, sujeito, tempo e espaço mesclam-se num cotidiano aparentemente banal, e dele vão se desdobrando inúmeras perspectivas de (auto)percepção, além de facetas existencias provocativas. Rupturas e encontros, realidade e imaginário, espelhamentos e projeções, a vida em si, tornam-se aqui muito mais que dicotomias, senão uma dialética na trajetória do "estar sendo".
Drª. Jamile do Carmo
Friedrich-Alexander Universität Erlangen-Nürnberg