Natália Pinheiro
Eu Tempestade
Ser o que sou
Do modo mais imenso
Do modo mais intenso
Do modo mais inteiro.
Assuste a quem assustar.
-Não se pode conter uma tempestade.
Então abra o guarda-chuva
ou dance na chuva comigo.
O Livro
No mar de silêncios gritei poesia é, antes de tudo, um ajuntamento de respiros. E, uma vez tendo desobstruído as vias respiratórias de si através das palavras, autora e obra vão construindo um caminho de retomada. De fôlego. Das palavras. Da própria voz. Caminho esse atravessado pela relação com a poesia falada. Ao longo desse caminhar também segue na tentativa de se salvar diante do afogamento em um mar de silêncios impostos, ensinados e reforçados. Reunindo poemas que brotam da vida e que se movimentam para tentar se equilibrar na corda-bamba entre a fúria e o grito cortante de quem, transitando, habitando e ora sendo habitada por várias margens, é atravessada por violências cotidianas as quais denuncia e a leveza de quem busca se desprender das durezas aprendidas ao longo do caminho como tentativa de sobrevivência e também esperançar para seguir produzindo vida, o livro é um ajuntamento de poemas que versam sobretudo sobre o que se sente e o que ecoa nesse corpo vivo e pulsante no qual bate e batuca um coração de poeta. Mais do que se possa dizer sobre ele, “No mar de silêncios gritei poesia” é uma retomada de quem escreve em seu próprio nome e almeja pegar de volta tudo aquilo que lhe foi tomado ou negado. Uma retomada através das palavras.