Ser o que sou
Do modo mais imenso
Do modo mais intenso
Do modo mais inteiro.
Assuste a quem assustar.
-Não se pode conter uma tempestade.
Então abra o guarda-chuva
ou dance na chuva comigo.
No mar de silêncios gritei poesia é, antes de tudo, um ajuntamento de respiros. E, uma vez tendo desobstruído as vias respiratórias de si através das palavras, autora e obra vão construindo um caminho de retomada. De fôlego. Das palavras. Da própria voz. Caminho esse atravessado pela relação com a poesia falada. Ao longo desse caminhar também segue na tentativa de se salvar diante do afogamento em um mar de silêncios impostos, ensinados e reforçados. Reunindo poemas que brotam da vida e que se movimentam para tentar se equilibrar na corda-bamba entre a fúria e o grito cortante de quem, transitando, habitando e ora sendo habitada por várias margens, é atravessada por violências cotidianas as quais denuncia e a leveza de quem busca se desprender das durezas aprendidas ao longo do caminho como tentativa de sobrevivência e também esperançar para seguir produzindo vida, o livro é um ajuntamento de poemas que versam sobretudo sobre o que se sente e o que ecoa nesse corpo vivo e pulsante no qual bate e batuca um coração de poeta. Mais do que se possa dizer sobre ele, “No mar de silêncios gritei poesia” é uma retomada de quem escreve em seu próprio nome e almeja pegar de volta tudo aquilo que lhe foi tomado ou negado. Uma retomada através das palavras.