Apresentação

O que as mulheres querem? 


Quantas vezes ouvimos esta pergunta. Em forma de piada, pergunta sem resposta, filme de comédia. Quanto não saber caberia em qualquer consideração. 

O que nós, mulheres, temos em comum? Temos coletivos, adjetivos, desejos e ódios que podemos expressar. Mas há um tanto que não é dito, silenciado, adormecido, experiências muitas que não encontram imagens ou palavras. E eis que a arte nos atravessa e nos torna autoras, vivas e sobreviventes, para além do tempo e de qualquer espaço que insistimos em não caber. 

Como humanidade, convivemos com as faltas, as lacunas, as frestas estruturais que nos machucam, mas não conseguem nos fazer parar de insistir em nossos caminhos. Muitos desses ainda fechados e restritos a nós, mulheres que somos. Sentimos fortemente os vetos, embora velados. 

Mas seja na força, no grito ou na palavra, persistimos. Há muitos mundos possíveis, referenciados em cada palavra poética, em cada manifestação artística. Quanto mais pudermos viver e celebrar os nossos nós através da arte, mais enraizadas estaremos. E assim, entre nós, formamos nossa teia. 

Mulheres trans, cis, mulheres com ou sem útero, mulheres que menstruam ou não, mulheres com ou sem vulva. Quanta arte faz uma mulher! Somos muitas, múltiplas, uma imensidão. E aqui, nesta antologia, apresentamos algumas de nossas vozes. 


Flavia Ferrarri
Educadora. Professora. Poeta.
Autora de Meio-fio: poemas de passagem