Géssica Menino

 “Mulher”


Desde menina, lembro-me de minha avó,
Dona Maria,  que interrogava minha mãe:
– Já sangrou a menina, ainda assim, tão pequenina?
– Nessa família, o sangue vem cedo! Minha mãe retrucava fortemente.

Mas a inocência de criança, ainda balançava entre
Os atributos e os anseios. Sendo as responsabilidades
Já desde cedo. Por quê? Porque você é menina! Diziam.
E agora já é "Mulher". De agora em diante o corpo vai evoluir mais depressa.

Enquanto, meu pai, homem truculento e arrogante,
Já com suas palavras maçantes jogava em mim toda a
Responsabilidade do corpo de menina que agora já era de
“Mulher”. –“Não me aparece com filho aqui não!”.

Sou apenas a máquina da reprodução?
Dentro de mim tantos anseios, tantos desejos, tantos sonhos.
Queria ser como o tio Pedro andar a cavalo e de rodeio.
Mas a louça espera, o irmão chora, está sujo, com fome e precisa de banho.

Com a passagem do tempo, entendi porque tia Andreia,
Cuidou dos seus três filhos pequenos, sozinha ou sem companhia.
Tia Andreia também sangrou cedo, pariu ainda jovem e hoje em dia,
Cumpre seus diversos papeis sozinha, sem ajuda de nenhum homem.

Ela é mãe solteira, ou mãe sola, cozinheira, dona de casa,
Faxineira e  costureira. Um dia quero ser que nem tia Andreia,
Mulher independente, guerreira, astuta e inteligente. Sendo chefe de família,
Carinhosa e exigente exerce também a figura masculina que fora sempre ausente. 


Deusas...

 

O símbolo da sabedoria em Atena,
Deusa da Guerra,  guerreira e astuta,
adornada em sua armadura.

O amor, a beleza, a fertilidade e o desejo,
Modulados entre Afrodite e o espelho,
Refletindo Vênus na concha dos segredos.

Indiferente ao Amor temos a deusa Diana,
Deusa da caça e da lua, refletindo sob o tépido luar,
Ártemis, também sua figura.

Gaia e sua potencialidade geradora, representando
A Mãe -Terra. Deusa do nosso Planeta. Dentre muitas deusas,
Histórias, raízes e decisões a figura feminina vai se modulando,

Se alterando, se renovando, a cada época e a cada estação.
Aqui, jaz, a figura feminina mesclada com todos os
Atributos de suas ancestrais. Mas a carne é humana!






GÉSSICA MENINO, mãe do Christopher, autora, do conto “As curvas do tempo”, publicado no livro: "Novas Contistas da Literatura Brasileira”. Autora do conto: “A vida de um casal de professores”, publicado pela Academia Fluminense de Letras 2018. Acadêmica Correspondente à Cadeira 239, da Alpas 21, tendo como conto em destaque "A maçã reluzente". Autora dos poemas “Seu Nome” e “Isolamento Social” na Antologia Poética “Só depende de mim”, publicada pela Revista Inversos em 2020.  Assim como, autora de três poemas: “Dália”; “Uma alma de menino”, “Mãe, já tô online!”, publicados na antologia poética “Na Força, no Grito, na Palavra Persistimos”, através do Podcast e Editora “Toma Aí Um Poema” em 2021. Autora dos poemas, "Bem-vindo, Christopher!";“O que dizer”; “Charles”; “A Fome”; "Véspera de Natal";”Mulher” e muitos outros... Assim como, autora do livro de contos “As Laranjas de Alice Mazela”, publicado por "Toma Aí Um Poema”. 



BREVE ENTREVISTA COM A AUTORA