Ana Marinho

MUDEI


Mudei. Porque mudar sempre foi um vício desde o começo.

Adorava mudar de colégio, de turma, de roupa...

Na estrada logo caí, e nesses caminhos, muitos amigos eu fiz.

Mudei de casa, cidade, Estado. Conheci o mato a roça e o cerrado.

Casei, separei, me repeti.

Tive um filho, Pedro. E conheci a morte de algo que nem existia, mas vivia em mim.


Amei, Ah! Como eu amei.

Me entreguei a todos. E de todos os amores carrego os diferentes sabores.

Porque os amargores deixei de lado. Pra quê levar fracassos se a vida é feita de atos.


Mudei, de novo, e todos me perguntam o porquê?

Não tem como saber. Afinal, quem sou eu para dizer.


Eu só sei que vivo assim: De apegos e desapegos,

Chegadas e partidas, Encontros e despedidas.


Eu sempre deixo. Deixo de lado o medo e o receio,

E me apego ao desleixo, e me dou o desfrute de ser feliz, de rir sem fim,

De pedir arrego, e dizer ao mundo que eu vim sem atropelo.


Descobri, ao longo do caminho, que eu não pertenço.

Eu não pertenço a alguém. Eu não pertenço a um lugar. Eu não pertenço a alguma coisa.

Mas sim que eu estou. Estou de passagem.

E sigo

Viva, vívido e bem vividx.