Camila Alexandre Boschini

(R)Existência


Não sabia haver um tempo em que me entenderia

Aquela nebulosidade parecia ser a minha sina

Toda a confusão e falta de trato

Parecia que tudo era a minha falta de tato

O passado que me destruía

Era o presente em sua ruína

A falta

A pauta

Toda a discussão era sobre a minha inapropriação

O exagero da inadequação

E sempre aquele desassossego

Sempre aquilo que não devo

Entre dever e pagar

Fiquei sempre a deixar as coisas no ar

A vontade não era de virar ou desvirar

Não era o desejo de em algum lugar chegar

Era sobre ser

Simplesmente o direito de viver

Mas isso nunca pôde ser assunto

Isso era coisa só de primeiro mundo

Aqui me disseram já saber

Deram-me a impossibilidade de ser

E demorei a entender

Ou pelo menos reconhecer

Que a impossibilidade não estava em pauta

Pois o que precedia era a existência da minha alma