Em mil pedaços me desfaço.
Na ilusão do aconchego de um efêmero abraço.
Me despedaço,me mostro nua.
Sozinha retiro as pedras da rua,para que meu amado não venha a tropeçar.
Meu pé descalço toca o chão que é sempre o meu regaço,meu descanso.
Não demora muito me vejo assim;
Desfeita,anulada,corrompida.
Vagando assim por todas as vidas
Ó Mente enluarada!
ô criatura apaixonada,
Tantas vidas pelas madrugadas.
Tantas vidas buscando o mesmo olhar alheio.
Não há compressa pra minha dor
Nem um afago na alma.
Me encontro sozinha
Será arte ou será Karma?
Já fui O mago,já fui o Louco,
Já fui lua e imperatriz.
Posso voar em mil espaços.
O retorno será sempre feminina matriz
Terra mãe,a estrela, o mundo.
Sempre Intenso,sempre profundo,
Jamais superficial.
A papisa, a roda da fortuna;
O ventre manancial
Cada lágrima que lava minha visão destorcida
Não me deixa esquecer quem minha dor provocou,já tão íntima e conhecida.
Todas as faltas e partidas.
Que eu não esqueça as ternuras e as delícias...
Mas não entregue meu coração a falsas carícias,
Que assim retome o meu lugar.
De
Mãe,irmã e menina.
De alma eterna aprendiz de todas partidas
Firmada nesta existência e forte como o diamante que corta o vidro.
Ainda que novamente observe os mesmos pés de mim partindo
Que não esqueça quem sou.
Eu sou e eu estou.
A Guerreira, a nordestina,
A mãe, a filha e a mulher.
A filha da mata,
A mãe Urbígena
A mulher que ama,
Uma mulher indígena!