Do sopé de uma ínsula do Jaguaribe
No tempo das sotainas pardas e pregações
Os inhamuns caldeavam a canja grossa do caboatá:
pintavam seus corpos,
saudavam seus mortos,
aprontavam-se para guerrear.
Nos picos clivosos da Borborema
enredando-se aos cariris e crateús
arriaram bandeira após bandeira
banhando em sangue os corpos nus:
flecharam curas e faiscadores,
expulsaram à força os desertores.
Seguraram firme na peleia.
Mesmo com a derrota que sobreveio adiante
surgiu um consenso que desceu ao pé da serra
e se espraiou por léguas distantes:
Naquela prolongada e castigada terra
onde se germinaria o Estado-nação
de secular e desacanhada violação
A resistência se enraizaria como regra.
No Brasil,
recanto da barbárie
torrão de donatários
Um viva aos povos originários!