Pés descalços enraízam o movimento
Mulheres pintam-se no vento
Homens balançam os chocalhos
Começaram os trabalhos
A dança faz a terra mexer
As crianças saltam no entardecer.
Estou na aldeia
Despida de alma que vagueia
Um mundo distante
Entre espaços gigantes
Natureza intima
Que enraíza a alma
De troncos e folhas
No vento o trauma
Porque querem acabar com essa nação?
Índios em sua essência
Na cultura a existência
Na alma a resistência
Se o genocídio contra o índio continuar
Vivemos uma história sem cicatriz
Todos nos morremos sem pulsar
A árvore não cresce sem raiz
Quando isso vai parar?
Não encontramos identidade
Não encontramos a verdade
O homem perdeu seu lugar
O índio preserva a natureza
O índio conhece sua realeza
Garimpeiros a destroem
Poluem os rios
Seus caracteres corroem
Necessário enraizar nosso povo
Que se finca e penetra o chão
Cresce adentro
Expandindo com precisão
Vento sempre traz as histórias
Sol aquece as memórias
Para sempre e eterno
Inspiração que flui para o rio
Trazendo sentido ao Brasil