Resma de árvores mortas
Química, corte, precisão
Servindo-se desta folha
Toda criação
Contém traços de contaminação
Nossa sopa de “Aipim” – ai’pi; ou manio-ca – mandioca,
Adornando nossas mesas e saciando o estômago do
Caaipura – caipira do interior.
Nossa represa é adornada de kapii’ gwara – capivara,
As quais, invadem a pista e despertam a nossa gente.
Contribuiste com a nossa arte de defesa,
Denominando a nossa luta – co-poera – capoeira.
Tupi-Guarani e suas ramificações que enraizaram em nossas terras,
Em nossos seres, em nossa língua, em nossa cultura, em nossa alma.
Agora lutas, por seu espaço, por seu respeito, por suas terras e
Por seus direitos. Enfrentando diversas barreiras e preconceitos.
Sendo que a vós é que devemos o nosso preito!
*
Desde os primórdios da colonização,
Lutamos contra a aculturação...
O branco e suas facetas, -
A língua geral como nossa comunicação.
Os aldeamentos e as escrituras sagradas.
Nos alfabetizando, nos batizando, nos “revelando o reino dos céus”.
O branco e suas facetas, -
Demarca as nossas terras e ainda conduz nossas pelejas.
Definir oitenta e oito
Como Marco temporal
É uma afronta sem tamanho
Um absurdo sem igual
Não bastando a invasão
A violência e toda a dor
Eles querem roubar mais
Tirar tudo de valor
Outro erro cometido
Como a vinda de Portugal
Pindorama aqui já era
Antes da chegada de Cabral
Seres inescrupulosos
desprovidos de pudor
Insistem nessa história
Com esse ato de terror
Há milênios é povoada
Nossa terra ancestral
Com a invasão européia
Já sofreu de todo o mal
Agora é hora de lutar
Não ter mais esse temor
Apoiar essa causa nobre
Por respeito e por amor.
o desaparecimento das populações originárias
se deu basicamente por quatro fatores:
1. a dizimação promovida por colonizadores;
2. as doenças europeias espalhadas como epidemias;
3. a miscigenação racial e,
principalmente,
4. a perda dos valores e da identidade
indígenas ao longo
dos séculos.
Todos os fatores (1,2,3 e 4)
têm um único
denominador comum:
o branco-
centrismo¹.
____________________________
¹ __)),
//_ _) / “Não temam!
( "\" \ EU cheguei para
\_-/ SALVAR!”
,---/ '---.
Tinha dia do Índio que era perto do dia de Tiradentes
O trabalho de escola era dessa gente que vivia sem roupa
do mártir que morreu na forca
Que isto não seja lamento
É para tomares tento
que a liberdade é nua
E corajosa
E tu?
Dás conta disso?
Tarauacá faz Juruá não dar mais pé
Eirunepé que diz de lá, de cá a'kir ü
esse Rio Verde de Galvez e às vezes deles
os povos Pano: Nukini, Yawanawa,
Kashinawá, Poyanawá, Jaminawa,
Kaxarari, Kutukina, Nawa e Arara...
Povo Aruake: os Ashaninka, os Kilina
Manchibery, chamados índios e Tupy,
mas nem se chamam, são Nações e entre si
banharam tez e toda vez Taraucá
mudou e, eis, que se refez, se transmutou
e viu sangrar e, assaz, bebeu nativo corpo
em barro, sujo, em alma limpa, e vitimado...
pi're ba abaixo ou pirambeira a olhar quetê
(barranco à nós), a sós se faz só testemunha
e lá vai! Chuá! Desagua e zás, eis Juruá!
— Com quantas invasões se faz um país?
— Foram milhões em ouro e sangue derramado.
— Com quantos paus se faz uma canoa?
— Depende se ainda tem mata, de quem desmata.
— Com quantos vícios se faz a linguagem?
— Chega de nhenhenhém,
poliglotas da língua rompem fronteiras.
— Com quantos genocídios se faz um povo?
— Muitas nações indígenas foram ceifadas,
mas, aqui, ainda estamos até a morte.
— Com quantos indígenas se faz um território?
— Depende de como aldear a política.
Mulher indígena como presidenta,
eis o Brasil que arrebenta!
— Povo guerreiro seu canto, ouvi!
Autonomia e cosmovisão: a vez do cocar!
Demarcação já! Do Oiapoque ao Chuí
Mãe-terra como escola viva: conexão celular
para a luta que é necessária e diária!