Vozes da TAUP

FLAVIA FERRARI | 500

Resma de árvores mortas
Química, corte, precisão
Servindo-se desta folha
Toda criação
Contém traços de contaminação 

GÉSSICA MENINO | Raízes Indígenas


Nossa sopa de “Aipim” – ai’pi; ou manio-ca – mandioca,
Adornando nossas mesas e saciando o estômago do
Caaipura – caipira do interior.


Nossa represa é adornada de kapii’ gwara – capivara,
As quais, invadem a pista e despertam a nossa gente.


Contribuiste com a nossa arte de defesa,
Denominando a nossa luta – co-poera – capoeira.


Tupi-Guarani e suas ramificações que enraizaram em nossas terras,
Em nossos seres, em nossa língua, em nossa cultura, em nossa alma. 


Agora lutas, por seu espaço, por seu respeito, por suas terras e
Por seus direitos. Enfrentando diversas barreiras e preconceitos.
Sendo que a vós é que devemos o nosso preito!


*


Ser Indígena


Desde os primórdios da colonização,

Lutamos contra a aculturação...


O branco e suas facetas, - 

A língua geral como nossa comunicação.


Os aldeamentos e as escrituras sagradas.

Nos alfabetizando, nos batizando, nos “revelando o reino dos céus”.


O branco e suas facetas, - 

Demarca as nossas terras e ainda conduz nossas pelejas.


JAIME JR. | (De)marcados


Definir oitenta e oito
Como Marco temporal
É uma afronta sem tamanho
Um absurdo sem igual

 

Não bastando a invasão
A violência e toda a dor
Eles querem roubar mais
Tirar tudo de valor

 

Outro erro cometido
Como a vinda de Portugal
Pindorama aqui já era
Antes da chegada de Cabral

Seres inescrupulosos
desprovidos de pudor
Insistem nessa história
Com esse ato de terror

 

Há milênios é povoada
Nossa terra ancestral
Com a invasão européia
Já sofreu de todo o mal

 

Agora é hora de lutar
Não ter mais esse temor
Apoiar essa causa nobre
Por respeito e por amor.


JÉSSICA IANCOSKI | Aula de História do Brasil


o desaparecimento das populações originárias

se deu basicamente por quatro fatores: 


1. a dizimação promovida por colonizadores

2. as doenças europeias espalhadas como epidemias

3. a miscigenação racial e, 

principalmente, 

4. a perda dos valores e da identidade 

indígenas ao longo 

       dos séculos.


Todos os fatores (1,2,3 e 4) 

                         têm um único 

                denominador comum:

                                       o branco-

                                       centrismo¹.

____________________________

       ¹    __)),

                                //_ _)    / “Não temam!

                                ( "\"      \  EU cheguei para

                                 \_-/ SALVAR!

                            ,---/  '---.



NEUZA DORETTO | " E tu ? "


Tinha dia do Índio que era perto do dia de Tiradentes

O trabalho de escola era dessa gente que vivia sem roupa

do mártir que morreu na forca

Que isto não seja lamento

É para tomares tento

que a liberdade é nua

E corajosa

E tu?

Dás conta disso?


RONALDO RHUSSO | Rios...

Tarauacá faz Juruá não dar mais pé
Eirunepé que diz de lá, de cá a'kir ü
esse Rio Verde de Galvez e às vezes deles
os povos Pano: Nukini, Yawanawa,
Kashinawá, Poyanawá, Jaminawa,
Kaxarari, Kutukina, Nawa e Arara...
Povo Aruake: os Ashaninka, os Kilina
Manchibery, chamados índios e Tupy,
mas nem se chamam, são Nações e entre si
banharam tez e toda vez Taraucá
mudou e, eis, que se refez, se transmutou
e viu sangrar e, assaz, bebeu nativo corpo
em barro, sujo, em alma limpa, e vitimado...
pi're ba abaixo ou pirambeira a olhar quetê
(barranco à nós), a sós se faz só testemunha
e lá vai! Chuá! Desagua e zás, eis Juruá!

ROZANA GASTALDI COMINAL | Lições de Casa


— Com quantas invasões se faz um país?

— Foram milhões em ouro e sangue derramado.

— Com quantos paus se faz uma canoa?

— Depende se ainda tem mata, de quem desmata.

— Com quantos vícios se faz a linguagem?

— Chega de nhenhenhém,

poliglotas da língua rompem fronteiras.

— Com quantos genocídios se faz um povo?

— Muitas nações indígenas foram ceifadas,

mas, aqui, ainda estamos até a morte.

— Com quantos indígenas se faz um território?

— Depende de como aldear a política.

Mulher indígena como presidenta,

eis o Brasil que arrebenta!

— Povo guerreiro seu canto, ouvi!

Autonomia e cosmovisão: a vez do cocar!

Demarcação já! Do Oiapoque ao Chuí

Mãe-terra como escola viva: conexão celular

para a luta que é necessária e diária!