Daniel Rodas

INVERNO NOS CARIRIS VELHOS 

Os ventos rugem violentos timbres
Em janelas vítreas – como olhos de garça
Urubus em V esvoaçam presságios
Feito os donos do céu cobrando pedágios 


E a cidade azula – acossada de frio
Sob a febre diurna de um sol-cariri
Sufocado na névoa de Junho nas praças
Correndo crianças na chuva sem asas


Ouvindo de um prédio varanda vazia
Em plena madruga o som dos riachos
Correndo na face sarjeta da lua
Oculta nas nuvens por detrás da rua


Por isso me deito na manhã chuvosa
De bruços e ouço o canto da terra
Clamando nos ventos que sobem no muro
Diante dos olhos de um verbo futuro.


Monteiro-PB / Manhã de 06 de Junho de 2022


RIO PARAÍBA


Cristais quebrados na

Superfície azulodosa


Da água: fluindo espumas

Nos lajedos 


Sobre a tarde quente

Ventania em dedos


Soprando as saias das

Juremas verdes.