Edra Moraes

Londrina é terra vermelha. Como eu queria dizer que é de paixão, mas não é!


Londrina tem um pôr do sol que sangra tingindo de vermelho o céu

Em Londrina se pisa sobre o vermelho e se transpira sob o céu vermelho

Londrina tem uma bandeira vermelha. 

Como que queria dizer que é de paixão, mas não é!


Este vermelho é sangue, e é vivo, é rio que corre em minhas veias Caigangue

Dos meninos Mbyá, Nhandpeva e Kaiová que atravessaram o caminho 


É sangue das meninas sem menstruação, roubadas para servir aos burgueses

É sangue do operário que caiu do vigésimo andar 

E da família que morreu sem assistência


Londrina é vermelha porque um rio de sangue de inocentes

Não se represa com leis, IPTU alto, gabinetes, terno e gravata


Londrina é vermelha de tanto sangue, 

das mãos que colhiam o fruto sem direito ao líquido

Londrina é vermelha de sangue das Estelas/Estrelas,

Que ao subir deixaram seu sangue, e nunca foram vingadas


Londrina é vermelha, mas não é de paixão

Londrina não é território sem lei, é pior que isto

Em Londrina a lei é de quem derrama o sangue