A quem pertencem esses chinelos,
Assim, largados na calçada?
Estão gastos, bem se vê,
Mas ainda são de serventia.
Quem prefere, afinal, o toque do chão quente,
Quase ácido, das ruas nordestinas?
Quem prefere a dureza cortante no passo,
Sem qualquer proteção?
Fico imaginando esse indivíduo
Adentrar a casa com os pés desnudos
Ou, da mesma forma, em um supermercado.
Do que se despojou além dos chinelos?
Os chinelos...ficarão assim abandonados
Até que algum desamparado como eles os encontre
E os envolva em sua triste jornada.