Shirley Lima

Tradição


Caiu o balão. 

Surgiu a neblina. 

Tinha sol. 

Veio a chuva. 

Olha a chuva!  

A chuva,desfez a trança da menina. 

O túnel alagou. 

O vento foi arrojado. 

Cadê a fogueira? 

Tá bem longe do cerrado. 

O tempo é de São João. 

Tem canjica. 

Tem pamonha. 

Tem milho verde,munguzá e quentão.  

Lá vem o São João. 

Bandeirinhas coloridas, 

alegrando o palhoção.  

É tempo de tradição. 

Doce de leite, doce São João. 

Tem forró. 

Tem quadrilha.  

Tem pé de moleque . 

Tem forró, para o  

casal dançar colado,  

feito chiclete.  

Tem sanfona. 

Tem zabumba, para manter nossa tradição.  É xote, xaxado e quadrilha, trazendo aquela animação. Vestidos coloridos.  

Xita, na estampa da roupa das meninas. 

Chapéu de palha do matuto.

O coração cria impulso 

com os aplausos das apresentações juninas. 

Veio a chuva,desfez a trança da menina.  

Mas não tirou o ritmo da alegria, dançando no coração. Os dias de dilúvio, virou canção. 

O som,veio do alto da serra, fatigada das chuvas. A fogueira reacende 

essa festa, feito canção que anima seresta. 

Uma noite junina,  

tem forró pé de serra.  

É xote, xaxado, triângulo, zambumba, ao som do Luiz Gonzaga. Acende a fogueira, o milho tá na brasa. 

É Nordeste, é São João. 

Não tem chuva no mundo que consiga escoar essa nossa tradição.