Túlio Velho Barreto

RECIFE


À maneira de Carlos Drummond 

em seu poema “Itabira”


Cada um de nós tem algo de si no rio Capibaribe.

Na cidade toda de água 

suas vias (veias) fluviais (vitais)

são asfixiadas por lixos e rejeitos.

As águas do rio não banham mais 

meninos estudantes e resignados homens,

nem os alimentam com os caranguejos de seus mangues.

Políticos vendem a cidade.

Empreiteiros roubam sua beleza.

Automóveis a sufocam.

A modernidade destrói o mangue

e o esconde sob o calçamento.

Apartados do rio, homens-caranguejos

ciscam na derrota insuportável.