Way Pury

Parto do Mato


Numa noite preta de outrora,

Madrinha Lua quis soprar imagens

No ouvido da minha mãe

Montanha.


Então nasci de um desbarranco fértil.

Som e cor de uma ancestralidade Terra.


Desde lá

passaram-se algumas eras [geológicas]

Até que eu encontrasse meu pai,

Córrego manso,

Que de beber me deu em suas tetas.


E tenho rolado o mundo,

Lentamente,

Canto a canto,

Dançando.


Quando em mim cai gota,

De chuva,

Ouço as muitas almas de minha mãe,

Então sô'rio e sei pr'onde voltar.