Lívia Vitória

Nulo


Gritaram “MODERNIDADE!”

Afinal, para quem é brasileiro, a Belle Époque sempre foi miragem

Queríamos ver a bandeira balançar, saudando a brasa brasileira

De um povo criado embaixo da mangueira

 

Mas agora a manga é cara

E povo divide os restos

Entre si, e um cachorro caramelo

Como dois vira-latas famintos apanhando da vara de marmelo

 

Na rua faz-se silêncio

No online, barulho que carrega o tormento

Vozes caladas para dedos sedentos

A população e democracia sem convívio

Na esperança de que na urna, haja um alívio

 

Mas sem consciência, se deixa fazer opinião

Dando armas a bandeira que queimou o verde em tostão

Ardendo no amarelo dos centavos que sobraram

Tentando comprar o peixe morto sufocado pelo azul, em vão

 

Quando gritaram modernidade, buscaram liberdade

Que engolida pela politicagem

Resultou na surdez

Das vozes políticas que berraram, mas sumiram em meios aos covardes