Paulo Sérgio Kajal

Trabalho do dia


Bate o prego a estaca e a placa

que aplaca a fome citadina

Parafusa o fuso anti-horário

a porca o tacho a voz andina

O sol a pino repica e bate

enquanto o jornal da tarde opina

o rato persegue e o gato late

ao avesso,um cão sujo ordinário

A luz da tarde incide em cima

do prédio espelhado e assim invade

de luz e cor e e tédio alinha

verticalmente assusta e mata

com sua linha tesa encobre o páreo

das más competições que se destaca

e ganha e perde o colossal trabalho

a mão que cose as têmporas da tarde

cujo brilho fosco e frio anima

as marquises das amenidades

na sacada a solidão vespertina

quando o dia envelhece a cidade

e que leva guardado no operário

as horas mortas que o patrão assina

cada gota de sangue,gesto duro e diário

que esgota e mata, sem fazer alarde