Pedro Faria 

O indulto dos fantoches 


O voto é uma ilusão. Uma mentira. 

E o seu não faz nenhuma diferença. 

Mas não me entenda mal, que a minha crença 

Não está no tirano que o ódio inspira. 

Escarro em utopias. Minha lira 

As fantasias sociais dispensa.

Sou humano, bem o sei; sou animal. 

E quando vejo a imprensa bostejando

Sobre o "poder do voto", floreando

Esse sistema doente, passo mal.

Voto não é poder, é um grão de sal 

No mar. Repense o que estão te ensinando:


Mil quatrocentos e cinquenta e sete 

Dias há de um mandando há outro mandato. 

Se pensas que com um dia de sensato 

Tens poder, parabéns! Você é o carpete 

Perfeito para os porcos. Marionete

Sorridente, um escravo por contrato. 

O voto não é causa, é consequência. 

Aperta aqui o verdinho e toma um doce. 

Agora senta o cu. Pensou que fosse

Ser diferente? Cala tua potência! 

Pode parar de usar a tua consciência! 

O que além de dor ela te trouxe?