Saldanha Martinez

Homem de ponta-cabeça


De ponta-cabeça, esse homem

faz tudo contrariamente:


A vida é seu dever;

a morte, o seu método.


Ouvir é sua obrigação;

decreto, sua técnica.


A paz é seu papel;

metralhadora, sua tática.


O amor, sua atribuição;

preconceito, sua prática.


Acredita que é ele a constituição

em seu delírio mais ridículo


mas ao povo é que cabe escolher

a sua queda em descrédito


e se o conserta ou mantém

de ponta-cabeça ano que vem.