Pelas múltiplas telas, eu vi, outra vez
A chuva inundando centros capitais
O enxurro impuro revelando o seu odor,
A sua tez
Tal qual mais um sufocante gás
Que escurece e envenena as ilhas de calor
Enquanto a cloaca transborda na perimetral
A seca vira moeda de reeleição
E o velho saque que se transpõe
Saca o momento da licitação
Alguém sacou o Código Florestal,
A má(quina) ágil, a política irracional?
Plantas em chamas, bichos dizimados
Há aqueles abatidos que estão no prato
Outros que morrem vítimas de um esporte
Há animais que vivem apenas no retrato
Outros sobrevivem sem qualquer suporte
Ali, bem de perto, eu vi
O mar engolindo a orla e arrotando o descaso
Desfazendo o concreto e deitando o coqueiro
Desenhando na areia os corações rasos
Dos que nada fazem e se afogam em dinheiro