Evandro Lunardo

Estandarte


Pelas múltiplas telas, eu vi, outra vez

A chuva inundando centros capitais

O enxurro impuro revelando o seu odor,

A sua tez

Tal qual mais um sufocante gás

Que escurece e envenena as ilhas de calor


Enquanto a cloaca transborda na perimetral

A seca vira moeda de reeleição

E o velho saque que se transpõe

Saca o momento da licitação

Alguém sacou o Código Florestal,

A má(quina) ágil, a política irracional?


Plantas em chamas, bichos dizimados

Há aqueles abatidos que estão no prato

Outros que morrem vítimas de um esporte

Há animais que vivem apenas no retrato

Outros sobrevivem sem qualquer suporte


Ali, bem de perto, eu vi

O mar engolindo a orla e arrotando o descaso

Desfazendo o concreto e deitando o coqueiro

Desenhando na areia os corações rasos

Dos que nada fazem e se afogam em dinheiro