Filipe Russo

Cocar


A copa da árvore é todo um cocar,

o caule da árvore é um tal pergaminho,

tingido por igarapés e rios.

Verde, azul, marrom; é de se chorar


frente a tanta beleza de meu lar,

flores dum povo sempre ribeirinho.

Já hoje por cinzas e brasas caminho

ao longo do criminoso incendiar.


Onça, arara, ariranha, jacaré;

fatídica fauna que morre à margem 

de um projeto todo contra o baré.


Cada pena do cocar traz sua marca

nas histórias das aldeias dos pajés,

quem cantam tempestade, chuva, mar.