Gilberto Albuquerque

Tietê (Água Verdadeira)


Sinceramente, eu não sei por quê

O Rio Tietê fez questão de correr

Em direção ao interior e não pro litoral

Contrariando a geografia natural

Nasceu na Serra do Mar

Mas foi em direção oposta

Imposta pelo relevo acidentado

Poderia ter descido à praia

Ou já ter nascido no interior buscando se preservar

Mas não fugiu da raia do seu destino sofredor


Na cidade, se transformou

Virou marginal, poluído

Distante da natureza que o formou

Água verdadeira do manancial

Estrada de índio e bandeirante

No passado colonial distante

Agora, morto em trechos urbanos

Relembra antepassados insanos

Sofre perversidade desumana

Fruto de política leviana


Mas apesar da adversidade, vem resistindo errante

Em busca de sustentabilidade

E segue, rio abaixo, perseverante