O trovão e a madrugada...
O rio ajeitou o regaço.
Abriu os braços...
Em seu leito deitou
e rolou com a chuva.
Pegou barriga...
Cheio de rumores canta
e conta pelos caminhos
amores clandestinos:
lua, libélulas, flores campestres.
Nenhuma dúvida de que
está “prenhe” da chuva.
Roça as pedreiras, higieniza as fendas.
Lava a quilha das canoas,
espirra na proa.
Rega a mata ciliar, cobre as pontes.
Lambe a areia, fixa o horizonte.
Enrosca-se num feixe de luz.
Aos borbotões libera os botões
do largo roupão azul.
Tinge-se de vermelho.
Clama aos pescadores,
ao povo e aos senhores:
que o deixem
parir peixes.