As impurezas cristalinas
das águas turvas de minério de ferro
Que levam anos para decantar
E quando decantam
Decapitam as cabeças que,
Por algum mistério
Não se afogaram na lama dos vales que,
Diga-se de passagem
Já não valem mais nada
Atingirão um belo dia
Os copos de diamantes
incrustrados de pepitas
dos amantes
da esplanada dos ministérios
Engasgarão.
Sentirão um gosto urgente de febre
E talvez então
a natureza seja levada a sério
Ou será levada pelos ventos
E continuará queimada pelos fogos
Num incêndio
aceso com cartas marcadas
E que só se apaga
Com o choro soluçado por lamentos
lamacentos.