Igor Vasconcelos Barros Cronemberger

Lama


As impurezas cristalinas 

das águas turvas de minério de ferro

Que levam anos para decantar

E quando decantam

Decapitam as cabeças que,

Por algum mistério

Não se afogaram na lama dos vales que,

Diga-se de passagem

Já não valem mais nada

Atingirão um belo dia

Os copos de diamantes

incrustrados de pepitas

dos amantes

da esplanada dos ministérios

Engasgarão.

Sentirão um gosto urgente de febre

E talvez então

a natureza seja levada a sério

Ou será levada pelos ventos 

E continuará queimada pelos fogos

Num incêndio

aceso com cartas marcadas

E que só se apaga

Com o choro soluçado por lamentos

lamacentos.