Antes do dinheiro
a Mãe vivia em paz
com seus filhos animais.
Nela, todos tinham êxito:
alimento, teto e sossego.
Até que em um dia imperfeito
nasceu um homem com defeito.
Em seu querer corrompido
quis da Mãe mais que o preciso
e rasgando-lhe o seio, pôs-se a drenar.
A Mãe mais que ferida,
no corpo, na alma e na vida
retirou-se para cicatrizar
e ao Pai entregou sua casa.
Agora o Pai com mão pesada
distribui ao homem sua justiça:
enchentes, secas, queimadas:
mas o homem cego implica.
— Lembrai, oh velho homem
da ternura da Mãe ao seu lado,
seja o bálsamo que a ferida cicatriza,
não o verme carnívoro a ser extirpado!