Júnia Paixão

Gritos


Céu de primavera

Breu noturno constelado

Cai em nós, pobres e fracos

Incapazes de gritar contra

A demência dos ingratos.


Furtam o ar de nossas terras

Envenenam mar, florestas

Abrem chagas insepultas

E nos bufam sua cólera.


Seiva profana em desatino escorre

das veias da terra brasilis.


Quem calou a nossa voz e arrefeceu nossa fúria?


Haverão de nos furtar as estrelas

Para que trôpegos miremos

Todo mal que nos assalta?