Olivaldo Júnior

O catador de esperanças


Ele, sol a sol, na rua,

talvez nunca venha a crer

que, com seu velho carrinho,

faça o mundo florescer,

faça muito pelo mundo,

mude o mundo ao sol nascer.


Roda o dia retirando

das calçadas o que é lixo,

sem saber que está fazendo

grande coisa no seu nicho,

no seu canto brasileiro,

sendo enfim um grande bicho!


Ao catar o que não presta,

cata junto as esperanças,

coração de quem se presta

no sem-fim dessas andanças

a bater a própria meta

de latinhas, de poupanças.


Ganha pouco, mas persiste,

pois sustenta a habilidade

de, do pouco, fazer muito,

dar aos seus felicidade

de um prato feito na mesa,

catado à flor da verdade.