Ele, sol a sol, na rua,
talvez nunca venha a crer
que, com seu velho carrinho,
faça o mundo florescer,
faça muito pelo mundo,
mude o mundo ao sol nascer.
Roda o dia retirando
das calçadas o que é lixo,
sem saber que está fazendo
grande coisa no seu nicho,
no seu canto brasileiro,
sendo enfim um grande bicho!
Ao catar o que não presta,
cata junto as esperanças,
coração de quem se presta
no sem-fim dessas andanças
a bater a própria meta
de latinhas, de poupanças.
Ganha pouco, mas persiste,
pois sustenta a habilidade
de, do pouco, fazer muito,
dar aos seus felicidade
de um prato feito na mesa,
catado à flor da verdade.