Otacílio Monteiro

Serial


Cada vez que um homem bronco -

branco, amarelo ou azul de anil,

vermelho, pardo ou alaranjado,

mãos de motosserra, dentes de machado -

declara guerra a mais um carvalho, 

tomba sem pena outro angelim,

choram as folhas, raízes, tronco;

um Chico Mendes morre de novo,

brada um Sting, geme um Jobim.


Cada vez que um homem bronco

Faz rugir seu maquinário

de leão perante as matas,

abrem-se novas ruínas,

fecham-se outras cortinas,

encerrando serenatas. 


Enquanto lágrimas brotam,

morrem de sede as cascatas!