Sandra Vasconcelos Barros Cronemberger

À vista


Terras a vista

e terras à vista

Navios aos mares

Escravos a bordo


Milhões de hectares 

de mata virgem

Onde ontem dormi

e hoje não acordo


Sou índio e planto

Mandioca, batata

A floresta num encanto

A morte na faca.


O rio sem peixes

O riso sem vida

Matança nativa

Filhos sem leite.


A água dos lagos

impura e mole

Tanto bate na pedra 

Preciosa e dura

Que fura a garganta

Que só choro engole