O corpo incônscio da baleia
atraiu hordas de gentes
ao seu redor.
Amanhecida na areia da praia,
ao raiar do dia,
ela fora como que ofertada
pelos deuses
aos habitantes da cidade,
talvez para expurgar
os seus males cometidos,
talvez para servir de prenúncio
do futuro.
Entre fotografias e narizes tapados
a fim de evitar o cheiro cáustico
de sua putrefação amarga,
os seres humanos não foram
capazes de contemplar
a carcaça como um
doloroso sacrifício,
nem perceberam que ali,
no corpo inerte da baleia,
repousava o reflexo
de seu mamífero destino.