Zana Bonafe

Cavalos selvagens  


Na cordilheira gélida, fria

Afagam-se as esperanças da manada que não se cala.

Tropeços, ruídos, trovões!

Tudo nas montanhas desaparece

Quando me lembro de um único cavalo,

Aquele que mesmo dócil era selvagem,

E que da semelhança fez sua imagem

Para galopar as terras mais longínquas

Que se escondem em meu peito.


Cada trote como um espasmo

Cada relincho como um beijo amargo.

Torna-se difícil identificar um sussurro de um suspiro

Pois das páginas desse papiro

Restaram apenas um breve urro.

Caminhando contra os caçadores

Essa coragem não se apaga,

Por conta desse cavalo selvagem

minha vida saiu do nada.


Peço à natureza que me dê forças

Para suportar mais essa dor,

Pois de dores o cavalo quase falece.

Mesmo depois que anoitece

Só me sobram o amor.