Na cordilheira gélida, fria
Afagam-se as esperanças da manada que não se cala.
Tropeços, ruídos, trovões!
Tudo nas montanhas desaparece
Quando me lembro de um único cavalo,
Aquele que mesmo dócil era selvagem,
E que da semelhança fez sua imagem
Para galopar as terras mais longínquas
Que se escondem em meu peito.
Cada trote como um espasmo
Cada relincho como um beijo amargo.
Torna-se difícil identificar um sussurro de um suspiro
Pois das páginas desse papiro
Restaram apenas um breve urro.
Caminhando contra os caçadores
Essa coragem não se apaga,
Por conta desse cavalo selvagem
minha vida saiu do nada.
Peço à natureza que me dê forças
Para suportar mais essa dor,
Pois de dores o cavalo quase falece.
Mesmo depois que anoitece
Só me sobram o amor.